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Ushuaia: Passeio 4×4 pelos lagos Escondido e Fagnano

    Nosso terceiro dia em Ushuaia foi dedicado ao tradicional passeio de 4×4 aos lagos Escondido e Fagnano. Várias empresas realizam este passeio e acabamos escolhendo a Rayen Aventura – fizemos a reserva com um dia de antecedência. A Land Rover chegou na pousada as 9h da manhã, com mais dois casais de turistas brasileiros e seguimos até o nosso destino através da Ruta Nacional 3.

    Ao nos distanciarmos do Canal Beagle, os Montes Oliva e Cinco Irmãos, além do Vale de Carbajal, vão se revelando. Nas margens da Ruta Nacional 3 o visual das cadeias montanhosas da Cordilheira dos Andes cobertas da neve nos deixou satisfeitos com a escolha do passeio. Uma parada no mirador del Valle Carbajal permite contemplar a paisagem com mais calma e é uma boa oportunidade para fazer alguns registros fotográficos.

    mirante vale carbajal

    Mirante no Valle Carbajal

    Nossa segunda parada foi no centro de esqui Tierra Mayor, localizado a 22 km de Ushuaia, para dar uma passada no banheiro e tomar um café quente. O lugar estava cercado pela paisagem outonal, ainda com pouca neve. Visitamos os canis onde ficam os cachorros que puxam os trenós e ficamos com a impressão de que os animais não estavam sendo bem cuidados.

    Canil do Tierra Mayor Centro Invernal

    Depois de 60 quilômetros através da Ruta Nacional 3 chegamos ao Paso Garibaldi, local onde a estrada cruza de um lado para o outro da cordilheira. Durante o inverno é comum que o Paso seja fechado para o transito por causa das nevascas.

    Paso Garibaldi

    E é no Paso Garibaldi que se tem a única visão do Lago Escondido – em todo o passeio. Localizado aos pés do Paso, é chamado de Escondido por estar quase sempre encoberto pelas nuvens. Suerte nossa, as nuvens não estavam lá naquela manhã, apenas o gelo que tornou difícil o acesso até o mirante do Paso Garibaldi. Mas mesmo assim não conseguimos fazer nenhum registro descente do lago Escondido – culpa do sol refletindo na água, exatamente onde não precisaria estar, pelo menos naquele momento. Paciência.

    Na verdade ainda não entendemos porque incluem o Lago Escondido no nome do passeio, mas parece que é para dar a impressão de que o roteiro é muito mais completo do que é. Depois descobrimos que o Lago Fagnano sozinho vale o preço do passeio.

    A Land Rover da Rayen em um momento mais ‘perigoso’

    Seguimos em direção ao imenso Lago Fagnano, localizado a 100 quilômetros ao norte de Ushuaia e que possui uma pequena porção no território chileno. Antes de chegarmos no lago paramos em uma castoreira, obra nada artística criada pelos castores canadenses que foram introduzidos na Terra do Fogo com a intenção de render lucros por conta de seu pelo.

    Os castores acabaram sendo soltos na natureza e se tornaram um grande problema – o negócio não vingou porque as temperaturas na Terra do Fogo são um pouco mais elevadas do que no Canadá e o pelo dos castores se desenvolveu com menos qualidade. Enquanto isso os simpáticos e enormes bichos de até 35kg e pouco menos de um metro vão se reproduzindo sem predadores e roendo as árvores até derrubá-las para usar como dique para represar os rios.

    Uma grande castoreira na trilha do Lago Fagnano

    Depois de uma curta caminhada para apreciar a vegetação patagônica chegamos ao acampamento, as margens do Lago Fagnano. No local encontramos um casal de raposas que se deixaram fotografar em troca de alguns pedacinhos de comida – claro que eles foram praticamente domesticados pelos guias das empresas que fazem o passeio, exatamente com esse fim, mas de qualquer maneira os bichos são fotogênicos, como dá pra ver na foto abaixo.

    Uma raposa domesticada no acampamento do passeio

    No acampamento fomos recebidos com uma tábua de frios para segurar a fome enquanto a parrilla era preparada pelos próprios guias. A maneira de preparar a brasa, em uma pequena fogueira do lado de fora da churrasqueira chamou a atenção.

    Base de apoio no acampamento do Lago Fagnano

    Um lanche no acampamento pra esperar a parrilla

    O começo da parrilla argentina no acampamento

    Na volta percorremos uma parte das intocadas margens do Lago Fagnano, que tem mais de 100 quilômetros de uma ponta a outra. As águas límpidas onde pescam-se trutas e salmões impressionam, além da preservação do lugar – não existe nem uma construção visivel em suas margens.

    No total percorremos uma distância de mais ou menos 200 km. O passei durou cerca de 7 horas e meia e custou 450 pesos por pessoa (quase R$ 200). As paisagens do roteiro, além do farto almoço, fizeram valer o custo.

    Um destaque negativo (e engraçado, claro) foi o fato do guia ter tentado agradar os passageiros – todos brasileiros – colocando para rodar no som da 4×4 algumas das piores músicas brasileiras de todos os tempos (lambada, ai se eu te pego). Tivemos que fazer um pequeno tumulto até ele tirar aquela música e colocar música folclórica argentina. Passeio em Ushuaia com trilha sonora de Porto Seguro definitivamente não é uma boa combinação.

    O Lago Fagnano

    Uma estradinha ao lado do Lago Fagnano